segunda-feira, outubro 17, 2005

Eu só sei que nada sei

Difíceis momentos passando, vida difícil levo. Ao redor, pobres aqueles que dividem sofimento e dor daquele que admira e ama. Salve Camões! Vazia é a vida sem este que de tristeza e dor consome sua vida como assim o faço. Incerteza é o nome disto que carrego comigo e em Camões encontrei minha identificação mais uma vez. Desta vez, quero sofrer com ele...sozinho, pois, em matéria de sofrimento, bem feita é a abordagem de Camões sobre si mesmo.

Tanto de meu estado me acho incerto
que em vivo ardor tremendo estou de frio
sem causa, juntamente choro e rio;
o mundo todo abarco e nada aperto.

É tudo quanto sinto um desconcerto
da alma um fogo me sai, da vista um rio.
Agora espero, agora desconfio
agora desvario, agora acerto.

Estando em terra chego ao céu voando;
numa hora acho mil anos, e é de jeito
que em mil anos não posso achar uma hora.

Se me perguntam alguém porque assim ando,
respondo que não sei; porém suspeito
que só porque vos vi, minha senhora.


PS: Viver é sofrer. Quando não sofre não está vivendo...está sonhando. E quando se dá conta que a morfina faz o seu papel, morre tudo aquilo de belo que se construiu neste mundo de contos. Por isso prefiro os de Edgard Allan Poe. Seco, real, frio, inteligente, confiante e sarcástico.

Nenhum comentário: