quinta-feira, outubro 20, 2005

Virtú e fortuna


Foto de: http://www.mundocultural.com.br/escritor_consagrado/maquiavel.htm Posted by Picasa

Se existe alguém, em toda a história da humanidade, que possui na controvérsia sua maior característica, esse, com absoluta certeza, é o homem da foto: Nicolau Maquiavel. Mas ele não possuía toda essa contradição por falta de personalidade e tal, mas para alcançar um equilíbrio político, onde jogava com os príncipes e, ao mesmo tempo, mantinha suas convicções republicanas. Era astuto. Sabia que jogando dos dois lados conseguiria o que quisesse. Também não desassociava o bem do mal. Ambos estavam concatenados em um objetivo único: sucesso. Usa-se tudo para tudo conseguir. Mas, o que isso tem a ver comigo, já que quero falar sobre mim mesmo? É aí que vou utilizar um dos paradoxos de Maquiavel: a virtú e a fortuna.

Como gostei da definição do próprio Maquiavel, vou fazer das dele as minhas palavras: a virtú é a qualidade do homem que o capacita a realizar grandes obras e feitos, o poder humano de efetuar mudanças e controlar eventos, é o pré-requisito da liderança, é a motivação interior, a força de vontade que induz os homens, individualmente ou em grupo. Já a fortuna é o acaso, o curso da história, o destino cego, o fatalismo, a necessidade natural. No início somos 50% virtú, 50% fortuna, mas, ao longo dos anos, somos levados a nos inclinar para um lado. Maquiavel inclinou-se para a virtú.

E eu? Para que lado me inclinei? Será que quero mudança? Se quero, já estarei tomando uma decisão virtú, não é? Bem, desde que entrei para a faculdade coloquei na minha cabeça que iria estudar muito para me formar dignamente. Mas acabei me deixando levar por um instinto mecânico (não tem nada a ver com Mecânica Analítica!!! Hahahahaha Que piada sem graça...) que me tirou um pouco, aliás, muito da minha arbitrariedade. Deixei de fazer muita coisa por causa da UERJ, inclusive dentro da própria. Deixei-me levar pelo acaso, pelo curso da história, deixei-me levar pela fortuna. Agora sei que quero mudar minha atitude! Quero buscar novas fronteiras, seja viajando, seja com novas amizades, relacionamentos, não sei... Quero me inclinar à virtú. Mas de maneira equilibrada, como Maquiavel o fez. Senão, deixo de seguir meus objetivos anteriores, os quais possuo e acredito. Só quero apimentá-los...

PS: A introdução de “O Príncipe” tem o seguinte título: “Ao magnífico Lorenzo, filho de Piero de Médicis”. Virtú ou fortuna? Rs.

segunda-feira, outubro 17, 2005

Eu só sei que nada sei

Difíceis momentos passando, vida difícil levo. Ao redor, pobres aqueles que dividem sofimento e dor daquele que admira e ama. Salve Camões! Vazia é a vida sem este que de tristeza e dor consome sua vida como assim o faço. Incerteza é o nome disto que carrego comigo e em Camões encontrei minha identificação mais uma vez. Desta vez, quero sofrer com ele...sozinho, pois, em matéria de sofrimento, bem feita é a abordagem de Camões sobre si mesmo.

Tanto de meu estado me acho incerto
que em vivo ardor tremendo estou de frio
sem causa, juntamente choro e rio;
o mundo todo abarco e nada aperto.

É tudo quanto sinto um desconcerto
da alma um fogo me sai, da vista um rio.
Agora espero, agora desconfio
agora desvario, agora acerto.

Estando em terra chego ao céu voando;
numa hora acho mil anos, e é de jeito
que em mil anos não posso achar uma hora.

Se me perguntam alguém porque assim ando,
respondo que não sei; porém suspeito
que só porque vos vi, minha senhora.


PS: Viver é sofrer. Quando não sofre não está vivendo...está sonhando. E quando se dá conta que a morfina faz o seu papel, morre tudo aquilo de belo que se construiu neste mundo de contos. Por isso prefiro os de Edgard Allan Poe. Seco, real, frio, inteligente, confiante e sarcástico.