sexta-feira, novembro 25, 2005

Soneto nº11

Ultimamente tenho estado muito ocupado e não tenho postado idéias próprias, mas idéias dos maiores pensadores de nossa história. Não que isso seja ruim, mas o blog é MEU! Como o tempo continua curto, continuo escrevendo idéias alheias... Segue então um soneto de Camões, o décimo primeiro. A cada estrofe explicarei o seu significado. Faço isso porque todo mundo me pede... Ninguém curte Camões... Só quando explico. Hehehe...

Tomou-me vossa vista soberana
adonde tinha armas mais à mão,
por mostrar que quem busca defensão
contra esses belos olhos, que se engana.


De todas as qualidades que a moça possuía, o olhar foi o que deixou o rapaz contagiado. E engana-se quem acha que não é possível apaixonar-se depois de encarar aqueles olhos.

Por ficar da vitória mais ufana,
deixou-me armar primeiro da razão;
cuidei de me salvar, mas foi em vão,
que contra o Céu não vai defensa humana.


Como a moça sabia que era capaz de contagiar qualquer rapaz, achou normal que o enamorado em questão estivesse na defensiva, com racionalidade. Bem que ele tentou agir dessa forma, mas diante de tal arte celestial, deixou-se levar pelo amor. Humanos não resistem a esse tipo de arte... rs.

Mas porém, se vos tinha prometido
o vosso alto destino esta vitória,
ser-vos tudo bem pouco está sabido.


Mas, se a moça achava que a grande vencedora dessa estória era ela, por ser a conquistadora, pouco sabia do sentimento dele. O rapaz é que se sentia vitorioso!

Que, posto que estivesse apercebido,
não levais de vencer-me grande glória:
maior a levo eu de ser vencido.


Mesmo que a moça se orgulhasse de ter enfeitiçado o rapaz, este se sentia mais ainda vitorioso de ter sido enfeitiçado. Melhor amar sem ser correspondido do que nunca ter amado ninguém...

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu gostei de tudo o que vc tinha postado do Camoes ate agora, mesmo sem ser tao didatico!
Acho que o grande barato da poesia é que extraimos dela aquilo que sentimos ao ler e isso é muito subjetivo. É claro que é legal estudar o que o autor quis dizer, mas as diferentes vivencias e intrepretaçoes somente engrandecem e enriquecem a poesia.
Quanto ao comentario de melhor amar sem ser correspondido ser melhor do que nao ter amado, me lembra a cronica do Grande e do Pequeno da Adriana Falcao. De fato, é triste passar pela vida sem ter vivido um grande amor, sem ter se entregado verdadeiramente e amado intensamente ate que o corpo se sentisse cansado e a alma pesada.
Ja que vc citou Camoes, eu cito expressamente o meu poeta preferido, O Poetinha, Vinicius de Moraes na linda cançao "Eu nao existo sem você"

"...
Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
ASSIM COMO VIVER
SEM TER AMOR NÃO É VIVER
Não há você sem mim
E eu não existo sem você"